9 de julho de 2007

LEITURAS # 10

escutar.
serenamente escutar
no seu mágico talismã
os rumorejos
-imperceptíveis aos outros –
inscritos na brisa dos pinhais.
tranquilamente auscultar
os murmúrios de todos os mares
na sinuosa e invisível
concavidade
da sua pedra-búzio.

zénite, blog «castelos de vento»

1 comentário:

Zénite disse...

Obrigado, amiga.

Para quem não souber da origem destes versinhos, acrescento que foram escritos na sequência do belo conto “Hora do Recreio”, que Maria M. nos deixou no seu “post” de de 3 de Julho, do qual que respiguei o excerto que se segue:.


“(…)
Naquela manhã, a menina teimava em não abrir a mão que levava, com frequência, ao ouvido. Só depois de muita insistência por parte dos colegas, promessas de brincadeiras conjuntas, brinquedos emprestados, segredos a partilhar e um rebuçado de fruta é que ela se decidiu a revelar o mistério… era uma pedra, uma pedra de tamanho médio, cinzenta, polida, que tinha apanhado do chão. Todos à sua volta ficaram desiludidos e alguns começaram a rir. Era isso que ela mais temia! Por isso, demorara tanto tempo a mostrar o que trazia, não para aborrecer os amigos ou sequer para receber brinquedos ou segredos. Ainda por cima, alguns ficaram mesmo zangados: «tu és parva ou quê?», «uma pedra!!». «Mas é uma pedra mágica», arriscou ela, percebendo que o seu tesouro era mais importante do que qualquer coisa que dissessem. «Encosto-a ao ouvido e consigo ouvir o mar». «É mesmo parva!».
(…)”


Abraço.