escutar.
serenamente escutar
no seu mágico talismã
os rumorejos
-imperceptíveis aos outros –
inscritos na brisa dos pinhais.
tranquilamente auscultar
os murmúrios de todos os mares
na sinuosa e invisível
concavidade
da sua pedra-búzio.
zénite, blog «castelos de vento»
1 comentário:
Obrigado, amiga.
Para quem não souber da origem destes versinhos, acrescento que foram escritos na sequência do belo conto “Hora do Recreio”, que Maria M. nos deixou no seu “post” de de 3 de Julho, do qual que respiguei o excerto que se segue:.
“(…)
Naquela manhã, a menina teimava em não abrir a mão que levava, com frequência, ao ouvido. Só depois de muita insistência por parte dos colegas, promessas de brincadeiras conjuntas, brinquedos emprestados, segredos a partilhar e um rebuçado de fruta é que ela se decidiu a revelar o mistério… era uma pedra, uma pedra de tamanho médio, cinzenta, polida, que tinha apanhado do chão. Todos à sua volta ficaram desiludidos e alguns começaram a rir. Era isso que ela mais temia! Por isso, demorara tanto tempo a mostrar o que trazia, não para aborrecer os amigos ou sequer para receber brinquedos ou segredos. Ainda por cima, alguns ficaram mesmo zangados: «tu és parva ou quê?», «uma pedra!!». «Mas é uma pedra mágica», arriscou ela, percebendo que o seu tesouro era mais importante do que qualquer coisa que dissessem. «Encosto-a ao ouvido e consigo ouvir o mar». «É mesmo parva!».
(…)”
Abraço.
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