PAISAGEM CITADINA
A pele por fulgurantes
instantes muitas vezes abre-se até onde
seria impensável que exercesse
com tão grande rigor o seu domínio.
Não temos então dela senão rápidas
visões, onde os reclames
do coração se cruzam, solitários
e agrestes, reflectidos
por trás nos ossos empedrados.
Em certas posições vêem-se as cordas
do nosso espírito esticadas num terraço.
A roupa dói-nos porque, embora
nos cubra a pele, é dentro
do espírito que estão os tecidos amarrados.
Luís Miguel Nava, Poesia Completa 1979-1994
5 comentários:
" É dentro do espírito que estão os tecidos amarrados"
Escolha poética que te define.
Um beijo.
Poesia...Poesia. Bela escolha, Maria M.
Beijinho.
na cidade,
tudo, tudo
é por dentro
amarrado,
num lugar-sem-lugar,
beijo
~
"Em certas posições vêem-se as cordas do nosso espírito esticadas num terraço."
Poesia fantástica, a de Luís Miguel Nava.
Um beijo Maria M.
nada com por a alma ao sol. esticada na corda da pele...
gostei do poema.
beijo
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